quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Boas Festas!


Sempre fomos bons em fazer a decoração de Natal, em especial árvores...

Eu mesmo até tive por uns tempos minha própria árvore e presépio em meu quarto (acho que lá projetava aquele Natal impecável, que era completamente dissonante de nossas reuniões familiares por um “certo” período da nossa vida). Hoje, de volta a minha casa “natal”, tenho a certeza de que tenho, diante de minha passagem, uma das mais belas árvores que pude apreciar nos últimos passeios da terra ao redor deste implacável sol.

             É final de ano, sabe?! Aquele período onde as pessoas ficam ainda um pouco malucas, crentes que tudo mudará (é, sei que tenho fortes tendências a isso). Fato é que não temos mais tanto tempo pra essas coisas e tenho experimentado uma sensação de atropelamento das festividades e de todo esse clima. – Talvez o calor seja responsável por alguma perda nesse sentido...

Passamos (minha família e eu) por um período de lembranças, conflitos e tudo mais o que até me deixou bem, pois afinal fim de ano em família sem briga não é a mesma coisa... O problema é que rimos mais do que nos irritamos e até recordamos com saudosismo alguns “barracos homéricos”...

Claro, esse texto não pretende seguir nenhuma estrutura temporal ou qualquer métrica responsável.

Mas ao ver a árvore sabia que tinha que fazer o que estava adiando há tanto tempo. E hoje, já passado o Natal, já tendo a Hebe se despedido do SBT e dado um discurso bacana em seu último programa na emissora. Ouvindo o meu avô cantar (e minha garota chorar) – “Já fazem onze anos e a gente está agora escutando sua voz... tão limpa!”. Lembre com essa saudade gostosa mãe, sem a tristeza, só dessas coisas divertidas... (e num cúmplice olhar rimos)

Tinha que escrever para uma grande pessoa nesse ano. Tinha que fazer duas criticas (que até hoje estão inacabadas) e tinha que escrever pelo fim desse ano, pelo fechamento de mais um ciclo e tudo mais... Simplesmente relevava e fingia que não tinha tempo para isso. Mas aqui estou – e, querido diário, ainda vou escrever essas três coisinhas que me prometi... – escrevendo o último texto (pela ordem “crono”lógica) de 2010.

Como quero enterrar logo esse ano!

             Andando por estas ruas que me conhecem tão bem, sentido calor como nunca, revendo (e me surpreendendo algumas vezes) pessoas “de minha época”. Vim para passar um longo período por aqui. É até esquisito, mas reconfortante. Tem coisas que nunca mudam. Outras... É impressionante, neste ano tive 5 cabelos diferentes! É bom também para colocar algumas coisas em equilíbrio. Sou formado. Ai! 2011 será passagem para 2012. Trabalho pela frente. “Where do I go” de novo em minha mente... Soteropolitano por mais um ano, pelo menos. Isso é o que se têm de possivelmente concreto até agora, o resto, bom, o resto deixa que eu me resolvo.

             Há quase um ano comecei a escrever aqui. Esse ano, não sei se in ou feliz mente, o saldo de coisas negativas superaram as positivas. É assim, acontece. rsrs

Sim, estou feliz com muita coisa. Uma coisa não anula a outra. É apenas uma constatação. Que coisa!

             Um importante período para o fechamento de ciclos foi este ano. De muitas maneiras. Até o ciclo mais improvável se completou: EU FUI PRA JULIO BOCCA(!!!!). Pelos que se foram, pelos que atravessaram e pelo que virá: uma boa virada!

Juazeiro do Norte, 27 de dezembro de 2010.

É, a decoração vai ficar linda...

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PS. Aninha, obrigado por minha formatura e me deixar ser ator; meninos, obrigado por nossa formatura conquistada no fronte; Cláudia, obrigado por ter me dado tanta força (você me segurou!); Guri, obrigado por... por me fazer ver quem sou (novamente) – to torcendo por vocês!; Martinha e Paty – Obrigado por ser de graça e sincero; Amandita, obrigado pelos deveres de casa... você me fez desnudar o que há tanto tempo era tão... meu; Família [T(a)+L(a)], obrigado por manterem esse infame vivo (e feliz) em SSA – no mundo – por mais um ano!

PS². Não, não quero saber se achou piegas. Agradeci mesmo, ora que coisa, você é só um registro. É pessoal! #prontofalei

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Então, dando um grande salto, lançou-se pelo ar e aterrissou em segurança do outro lado. (...)"


Num tempo que tinha se fechado quase que instantaneamente, com aura de peso e vazio. Um livro, um segredo, ar renovado, sem pés no chão. Ligação ainda triste, humor transmutado como vinagre em vinho. Segundos. Um livro. Nele uma torrente de emoções infindas que ruborizaram minha face. O escarlate nas minhas veias me entorpeceu tamanha sua voracidade. O rio desaguava sem mais controle em meu olhar. Um sentimento de bem estar e a percepção do ter.
Diferente de outro momento, não foi necessário usar de seus artífices, sua persuasão, seu sentimento de despedaçar-se por um pedido, um sinal do que gostava e ainda suportar ter que estabelecer que algo só fosse entregue depois, pra não ficar mais em evidencia a falta do tato em uma questão simples. Dessa vez sem conversas, sem acordos. Sem pedir. SURPRESA. Um momento pra mudar um conceito.
Um livro. Em seu livro, meu livro, o que considerava (e não havia jamais falado novamente) O mais efêmero e sedutor feitiço da afeição. Dura tão pouco, é tão imenso.
                                                             
“Só abra quando estiver muito triste... PROMETA!” desculpe, estava tristonho, não queria medir quão grande era essa tristeza. Não queria esperar por um mal maior. Chega. Estava lá até as 17:53h. Já tinha maturado e era necessário que cumprisse seu dever.

Embasbacado. Ninguém sabe – nem é necessário – como isso agiu em minha cura.
Num livro mágico de um mundo distante uma rosa do campo exalava seu aroma mais doce e instigante.

Encantado. Mesmo. E às vezes me perco no respirar.

Tão mais em um número no mundo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Amanhã Será Primavera.


Ele sentia nos últimos dias os ventos da mudança. Após um longo inverno, eis que a vida se preparava para aflorar sua liberdade mais uma vez. Tinha passado por grandes tormentas, numa nau que afundara e consigo tinha sugado todo espontâneo e vivo que sabia ser, que se deixou fazer.

Com a morte prematura do que acreditava ser um pouco mais eterno, ele se viu só e disperso num mundo sem cor. Mudo, com tessitura nula. Talvez cinza, um cinza opaco e frio. Aceitou. Após realizar tudo o que seria humanamente possível, se resignou e compareceu ao velório, chorou no enterro e, por fim, guardou o seu luto.

Mas os ventos não paravam e, embora viver no passado fosse seu hábito-defeito mais constante, necessitava cantar, sem mais silêncios, apenas sons. Cálidos acordes o esperavam, era só se permitir. Sempre.

Precisava de sua transmutação. Do seu casulo, ele reconstruía sua armadura martelada a martelada. Podia se ver erguido em suas falsas faces, cuidadosamente pintadas de fora pra dentro.  Pois, se o contrário não tinha resolvido,  era possível que um dia ele se convencesse de sua própria falsa mentira em forma de carapaça.

Eis que nos dias que antecediam ao equinócio, ele pôde sentir os resultados cada vez mais claros do que se havia proposto como meta basal.

 É evidente que antes ele já estava melhor. Todo o amor, todo o rancor, toda a dor, enfim estava se confinando em seu devido lugar e o que via diante de si era uma coisa que não lhe transmitia mais a mesma afeição. Ousaria dizer que começava a criar bolor (e como foi rápido para os seus padrões – talvez as dores profundas de verdade, mereçam esse tratamento. Não se apaixonara, amara, e sabia disso), a ficar com o ranço do que não lhe é mais útil. Assim como lhe foi imposto, finalmente começara a retribuir. Um sentimento de não dizer nada. De não ser mais nada. Apenas um arquétipo do que já havia moldado.

Agora preferia pensar que tinha cumprido um ciclo, que tinha aprendido e ensinado na medida necessária e que tinha posto algo mais qualificado para o mundo.

Voltando ao pré-equinócio... Estava completamente interessado pelo que via despontar no horizonte como opções para afastar de sua mente possíveis deslizes,  quando chegou o convite ao erudito. Numa atitude impensada chamou antigos amigos para compartilhar, mas não cabia.  Este era o momento de se abrir para o novo. Decidiu rapidamente voltar à vida, e numa simples noite seu cotidiano se banhou de luzes e tons.

Não tinha mais volta, algo havia quebrado para libertar o que há algum tempo se condensava em diálogos. Estava enthorpecido pela musica, pelo preciosismo do trabalho, pelas mesas compartilhadas, conversas repartidas.

As surpresas não paravam. Na sua caça foi de encontro ao inesperado. Não podia não se permitir. Um fim de semana ensurdecedor, cortante, revigorante. Suas penas trocando, seu bico sendo arrancado para dar lugar a outro. Uma morte para o resurgimento da lendária Phoenix. Nos dias mais intensos dos últimos momentos, se deu conta que a natureza fazia sua parte: eis que as flores viriam pelo caminho, a estação da renovação devastando toda a neve suja que se acumulava nos meses que a precederam.

Um fim de semana, uma semana, era novamente vivo. Pôde ajudar e nem poderia dizer o quanto foi resgatado. Estava completamente encantado, rendido às surpresas do viver

Que importava se era só mais um número? O 395 da letra “R” do segundo tomo?! Era o seu número, um número no mundo. E são tantas terras para percorrer... Tantos caminhos e curvas para se deliciar...

O acaso o pegou de sobressalto e não havia como recusar o seu convite. As pessoas se cruzam quando devem, daí surgem os grandes encontros, as amizades mais inesperadas (com seus sacros segredos velados), as relações mais intensas, as sutilezas do porvir.

A vida seguiu e, embora soubesse se fazer imprescindível, simplesmente se perdeu na multidão de tantas pessoas especiais.

A primavera chegou.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ontem

Ontem perguntaram por você. Num lugar comum, num lanche de última hora. O engraçado é que foi difícil me reconhecer... "Quem é? Não lembro não... Espera... Caprese... Ah, lembro, lembro sim...Se você não falasse comigo eu não iria saber... Como você mudou!..." Então num momento breve "Onde está o outro?" - Deve tá na aula. Como se ainda fosse comum o saber do outro. Deve estar na vida - talvez uma boa resposta, mas me contentei com a aula. Era uma quarta-feira no final da tarde. Uma aula deve cair bem. Très bien!

Fazia tempo que não ia por lá. Percebi numa simples conversa. E o sabor do meu lanche estava... igual. O de sempre. Em outros invernos mas no mesmo padrão. Interessante!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Rio - um ponto.

Where do I go?! Follow my heartbeat... Follow my dreams... Sem mais silêncio, só quero cantar.

Hoje me despeço do Hair. No avião, estou assistindo a performance do Gavin Creel como Claude Hooper Bukowski. Um belo espetáculo. Pelo qual me apaixonei. Mas, quando não me apaixono?! Esse sem dúvidas foi um grande tapa na minha face. Não gostava do filme, achava longo e chatinho, mas a peça tem uma vitalidade... Me rendi.


Por ele invadi seu espaço. Te fiz chorar, fiz teu ato de desespero. Virei uma quase notícia. Uma boa história com certeza, ainda sem final. In feliz.

Triste sim, me sentindo impotente e engolindo um fracasso. Mas o que fiz, ninguém poderá tirar. Sinto-me honrado pelos GRANDES amigos que tenho – pessoas que estão por mim. Mesmo. E espero que sempre, pois é mútuo. Não vou citar nomes porque não se faz necessário.

Foi mesmo revigorante ver que tenho tantos comigo e “pormigo”. Uma grande corrente de boas energias me sustentou e me deu coragem. Coragem esta que vocês acreditam que eu tenho, mas que não sei como consigo ainda hoje convencer as pessoas disso.

Essa minha estada no Rio me trouxe muitos ensinamentos. Muitas certezas (do que sou mesmo. Não posso fugir disso). Muitos sentimentos, entre eles o da covardia e do preconceito.

Rio, você me deixou marcas. Mais marcas. Sempre marcas.

Do que se foi. Quem sabe me reconquiste. Não depende mais de mim. Aperto o stop. Peço “arrego”. Deu Game Over. Um bom dia ou uma vida em dia agora depende do que receber, pra não atravessar. Direitos. Só uma ave gélida de coração quente como lembrança.

Das portas na cara. Dos nãos em alto e bom tom. Do preconceito. Do culto ao corpo. Da imagem acima de qualquer coisa. Do bairrismo. Da covardia. Do renascimento. Das ideias que retornam. Das certezas de querer mudar o (meu) mundo. De saber que podia. Que posso. Que não sou leigo. Que sei o que fazer e até o que querer.

Fantasias, sonhos, ilusões? Talvez. Mas isso é o que me dá o sopro da vida. E não importa o que digam, ainda que “dançando no escuro” sou feliz – ou pelo menos tento.

Pessoas todas, queridos e preteridos. Ceará e Bahia. Raphael está renascendo. Raphael está de volta – aquele Raphael que se ilude fácil, mas que sabe tornar real. Ainda.

Um respeitoso beijo.

Raphael Veloso

Ps. Cheio de antigos projetos que precisam de um cais.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Maus bocados

 A cidade é uma estranha senhora que não te sorri, só te devora.

Dias tensos, infames, desonestos, desgastantes. HUMILHANTES. Mas não sei... "I believe in God. And I believe that God believes in Claude - That's me! That's me!" . Quem sabe. Quem sabe...


Canso. logo insisto. 


Não sei o que me move.  Neste último sábado, me senti vítima de preconceito. Neste sábado, fui ceifado, sem pena de um processo que nem comecei. Só em mim. Só em mim. 


Não. Um simples e puro não, a negativa de poder se mostrar para aí sim, poder ser retirado. Na frente de muitos. Tantos, e eu.


Uma dor. Um "não qualificado" para o teste. Um papel e uma foto. Um trabalho de verdade (de minha parte), sei quem sou e no que acredito. Não quero mais ser subjulgado. Não me cabe mais esse papel neste teatro. CANSEI. 


Sou, quem sabe, um eterno apaixonado condenado a não passar de uma imitação na vida de um "dançando no escuro". Amo em demasia muita coisa. Convenço, seduzo, me encanto e encanto, num dom que não é jogo nem joguete. QUERO.


Quero amor, quero arte, quero viver. BEM... Preciso, quero saltar, quero levar, quero você. Quero eu me encontrar, refletir e sentir. 


Não. Ainda não acabou. 


hauhauahauahauhauahauah


Não seria "Raphael" assim. 


Hoje, ou melhor ontem (já é de madrugada), Fui fazer o que sabia que teria que fazer ou não me perdoaria.


Há de passar mais águas por esta ponte. Eu criei um canal, eu vou. 


Noite feliz - dia de paz (e borboletas na barriga). Alma limpa.


I believe in Claude, that's me!


heheheheheheheh


OBRIGADOOOOOOOOOOOOOOOO









quinta-feira, 29 de julho de 2010

A música utilizada na postagem anterior é uma versão de uma música dos Beatles.
Hoje lembrei dela andando pela cidade, revendo lugares... teatros, lanchonetes... Bolas...
Me deu vontade de postá-la na íntegra. Gosto dela. Postei. Por isso. Por isso também. heheheh

Minha Vida

Composição: John Lennon e Paul Mc Cartney
Versão: Rita Lee
 
Tem lugares que me lembram
Minha vida, por onde andei
As histórias, os caminhos
O destino que eu mudei...

Cenas do meu filme
Em branco e preto
Que o vento levou
E o tempo traz
Entre todos os amores
E amigos
De você me lembro mais...

Tem pessoas que a gente
Não esquece, nem se esquecer
O primeiro namorado
Uma estrela da TV
Personagens do meu livro
De memórias
Que um dia rasguei
Do meu cartaz
Entre todas as novelas
E romances
De você me lembro mais...

Desenhos que a vida vai fazendo
Desbotam alguns, uns ficam iguais
Entre corações que tenho tatuados
De você me lembro mais
De você, não esqueço jamais...

http://www.youtube.com/watch?v=ImKODXtNK4g&feature=player_embedded

Navegando neste Rio

 Querido diário.

Mais uma aventura acontece em minha vida, a espera de um novo borderô!!!

Estou aqui, dessa vez no Rio. nem acredito! (ok, alguns vão se cansar disso, mas é verdade! As coisas mais inusitadas acontecem, e, REALMENTE é inacreditável que eu tenha chegado aqui!) Vim para uma tourada, um campeonato, uma luta de Gladiadores - A audição para Hair.

Foram 5.000 inscrições, 2.000 candidatos selecionados para a primeira etapa, melhor dizendo, 2000 e eu. Ainda estou a espera de ser chamado, mas serei, amanhã! Hoje fui até o teatro e falei com a produtora de elenco pessoalmente. Disse que vim de longe, mas que finalmente aqui estou! E, prefiro levar um não da banca que não poder sequer lutar por meu personagem... Ela perguntou meu nome e disse que iria olhar meu currículo novamente... Quem sabe... (Ps. fui com o cabelo solto e lindo pra falar com ela. Ela achava que eu iria fazer o teste! hauahauahua)

Dois dias aqui, e a cidade me traz muitas recordações.


"...Tem lugares que me lembram
Minha vida, por onde andei..."

Fazendo aulas e minhas músicas para o teste estão ficando lindas!!!

Sábado enfrentarei a banca!


"... As histórias, os caminhos
O destino que eu mudei..."

Essa cidade é mesmo linda, toda vez que chego me encanto e é incrível como sou daqui também, do mundo! Ando como se me fosse familiar. Ando como se me preparando para mais uma chuva, num novo abrigo. Com um secular amor (ou carma).

"...Que o vento levou
E o tempo traz..."

As pessoas são deliciosas... E os olhares... Ai ai...

Me sinto menor por diversas vezes, a estética conta muito aqui, todos balas de açúcar: Artificialmente doces. Mas trabalho isso e sigo em frente. Vou esse teste fazer. (assim espero. Ai.)

Mesmo não sendo o perfil dos galãs daqui, que me custa tentar?! kkkkkkkkkkk

Gringos insistem em (tentar)  falar comigo. Agora tenho outro idioma. Me falta o inglês. A língua universal, essa eu já sei falar. Mas, sobretudo sei com quem quero falar. Não há dúvidas. Não em mim.

Estou em Copacabana. Estou. Quero. Falo mais depois. Agora a espera. O resto é silêncio.



Que vontade de cantar.

domingo, 4 de julho de 2010

palavras, palavras, palavras...


Deveria ter postado ontem, dia 3. Um mês. Precisava, talvez, não celebrar este dia. Deixei para o que se encerra.

Hoje foi minha última apresentação da Mostra do Mód V de interpretação (meninos, obrigado pela sincera acolhida e pelo colo nas necessidades – é mútuo). Nem acredito que realizei a “mostra”. Todos sabem que não era o processo que mais estava gostando de fazer. Cair do cavalo ao voltar de um mundo ilusório onde fiz e refiz o que me acalentava (para trazer um pouco dessa minha crença na arte do comércio), me fez melhor do que uma conquista sem um resultado. (É já fiz a Ópera do Malandro com Marques...) tsc, tsc.

Mesmo assim, segui com ela (a mostra). A bem da verdade não tinha muita opção. Outros pequenos prazeres me inflavam a chama do fazer. Um novo semestre que traria consigo a redenção... Isso também não foi lá muito resolvido... Mas ainda pode ser... Quem sabe... hehehe

Sabe uma coisa que me encanta? Ópera! A divisão dos papéis e suas brilhantes execuções, mundos criados e tortuosamente vividos em prol de um ideal romântico. As sopranos e os tenores sempre os principais... As contraltos e seus ensaios intermináveis. Os Baixos.

Encanta-me o poder que se pode ter um baixo. Não estamos só falando de papéis de pai, de tio, de vilão não. Nada como saber usar a baixeza... São mordazes, irônicos, trazem com seu timbre, verdades veladas e mudança de ares. Assustam e encantam quase na mesma proporção. Aos que se deixam levar pelas vicissitudes do tom, o meu aplauso.

Queria ser baixo, queria ser tenor. Infelizmente não o sou. Barítono, abarco o equilíbrio – nem um cordeiro nem um lobo. Por vezes posso vestir as duas peles. E posso com isso fazer meus próprios feitiços... Há quem os compre. Posso do extremo ao outro chegar, mas não seria dual se não tivesse em mim a busca pelo perfeito equilíbrio, com notas amadeiradas, florais e de um bom vinho argentino.

Cuidado quem se embebedar com facilidade... Prefira, nesse caso, as certezas do abaixo de mim. Do ser Baixo que me perscruta, onde poderás achar um invólucro sincero, honesto e quente. Não recomendo as alturas dos tenores tons, pois, embriagado podes derrapar...

Arte me fascina. Vida me fascina. Segurança me preenche. Tão efêmero... Eu tantas vezes incrédulo sempre caio na mesma pedrinha no meu caminho. Aquilo que dizes pra mim, eu tomo como verdade. Levo a vida muito a sério... Isso é o grande defeito que tenho e que tanto me apontam.

Quero poder dizer mais amores por amores, assim como quem compra margarina. Quero não me desnudar e me expor a uma palavra que sei não durará mais que um instante. O futuro, com tijolos ou brisas suaves, não será determinado pelo outro, apenas acompanhado – por uma chuva, até que no sol possamos estar. Expostos. Livres. Queimados.

Eu brinco, eu finjo, eu atuo. O eu ator agradece a este semestre. Às pessoas que me acolheram. Às pessoas que eu fiz e que hoje andam com a ajuda de outros. Às sinceras conversas de onde não posso dizer que ainda esperava... Agradeço ao que, por tão infalível, não se aguentou.

Eu admiro a verdade. Sou assim, não gosto de criança e nunca neguei...

Sempre o preparo para a despedida e nunca sou preparado para a queda... Mas me levanto, pois, o que não presta, não quebra com facilidade. hauahauahauahauha

Um brinde à hipocrisia.

Salvador, você me deixará saudades. Suas delicadezas comigo, me fizeram ser o que sei ser. Aquele que fica pronto, sempre, e tenta não se deixar levar pelo que inevitavelmente me entrego.

Obrigado a quem já sabe que merece!

Obrigado pelo que fizemos, faremos e desconstruiremos.

Tempo, ok, você venceu esta. Ou melhor, empatamos. TERMINEI O SEMESTREEEEEE!!!!!!!

Até o nosso próximo encontro...


Um cordial abraço,

Raphael Veloso

sexta-feira, 2 de abril de 2010

-->– Epílogo –

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O tempo passa. Agora à luz da distância, com a cabeça livre do arroubo de pensamentos idílicos sobre um mundo lá fora, posso dizer algumas poucas palavras a respeito do vivido em Buenos Aires:

A argentina representou uma fase importantíssima na minha vida. Um marco. Uma prova que é possível. Buenos Aires é uma cidade linda – pobre – mas linda mesmo. Eu cresci como ser humano e como profissional mais do que nunca. Graças a isto, eu retornei ao Brasil como todo o gás... Mas, como todo gás ele se dissipa (assunto para outra postagem. Um dia.). Mas calma, ele nunca se vai todo. Na natureza quase tudo se transforma!

Meu crescimento se deu, MUITO, graças a um ser humano incrível chamado Andrés Espinel. O meu “maestro” de canto me deu muito mais lições de vida do que as muitas de canto. Após muitas bordoadas na cara para acordar e muito serviço de psicólogo por ele prestado, eu finalmente posso dizer que ali fui feliz como há muito não era. Tudo o que eu pensava do que é ser um profissional; do que eu quero como profissional; de qual seria a minha poética. Tudo foi corroborado nesse processo e, hoje mais do que o de costume, posso reafirmar pelo que sou consumido. Por que os sinos dobram! EU SOU UM SHOWMAN!!!

Nos palcos cantados e completamente teatrais (em sua mais palpável essência) da vida vocês ainda me verão, pois “um dia uma estrela vai ouvir o meu pedido e num segundo/ eu vou amanhecer então, pra lá de toda a escuridão, além do mundo”!

Termino a prima incursão deste diário com a certeza de que não aproveitei tudo o que podia, na verdade, que muito pouco fiz, (e veja onde estou! – imagina se tivesse aproveitado tudo?! Estaria ainda mais insuportável) mas sinceramente contente, retorno desse mundo à parte chamado “Teatro Musical na Fundación Julio Bocca” na terra porteña.

Durante o percurso fui trabalhando no que seria uma reverberação do que foi visto lá, aqui no Brasil. Até um CD eu gravei, isso teve como pano de fundo a obstinação para realizar um sonho que foi gentilmente ceifado por minha Turma na ETUFBA. O Despertar da Primavera, definitivamente não será montado pela turma que se forma em Interpretação em 2010.2.  Mas, numa forma bem emblemática de dizer: I will survive. Yo viviré. Vocês vão ver!!! (kkkkkkkkkkkk)

Buenos Aires marca, além de tudo, o início de uma coisa até pouco tempo improvável: Raphael Veloso agora tem um blog. Fica desta cidade, além de seus indissolúveis sabores, valores que não posso expressar apenas redigindo uma postagem. A história do tornar possível o que nem mesmo ele sabia se era. Mas o retirante residente a um outro país se portou e fez o que devia ser feito, ele foi o Raphael que alguns hão de reconhecer (distantes – presentes – distintos – amigos). Talvez isso signifique que o velho Raphael está de volta. Talvez ele nunca tenha saído, só adormecido, talvez.

“Nessa merda de vida, não há como escapar, nessa merda de vida, eu peço, só peço, não calem, pois um dia todos hão de saber”.

(Hauahauahauahaua) Acho que isso tá ficando muito épico...

Pra terminar uma palavra clichê me diz muito sobre o vivido:
                                                                                                                Saudade.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Olhos Turvos

Este capítulo não fala de felicidade, não apresenta super aventuras ou atos de super herói, é um capítulo sobre perdedores numa cidade do mundo. Sobre as coisas belas e sujas, um foco no lixo.

           Tristeza pousou sobre mim nesta noite de quarta-feira, uma cidade linda - habitada por gente... E como a gente consegue ser tão baixo? Porque podemos nos achar - de alguma forma - que temos poderes sobre os outros?

           Falo sobre o Sexo forte, a sociedade fálica em que vivemos, ontem pude ver mais um recorte disso que cultuamos como coisas que, por ventura, fazem parte do que chamamos CIVILIZAÇÃO.

        Vinha em meu caminho e desviei para querer ser roubado, machucado e principalmente ferido (e não fisicamente). Não precisava ir, mas não poderia fazer outra coisa se não me atirar a esse encontro. 

           Um grito, um pedido, um frio no meu âmago e aceitei o convite. Ela falava, e o mundo calava. Desviei minha rota e encontrei com um homem com poder, um rei, um violador. Roupas rasgadas,  orgulho estilhaçado e eu. Corri, gritei. Ela se espaça e eu sucumbo a dor de uma arma em meu corpo.

           Agora eu rasgado, furtado e, sobretudo, triste. Triste comigo, triste pela impotência, triste e desolado pelo que não era meu e se foi. Triste porque não éramos mais pessoas, ao final éramos uma sombra do que um dia foi chamado humano. 

           A vida segue. Tudo "acaba bem". Nós dois agora ligados, por  uma imagem que não apagarei, seus olhos turvos a mirar os meus como que dizendo, respiramos... mais um dia. Apenas mais um.








segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Capítulo II - Meu “Departamento” (ou uma volta aos anos 50!)


Assim que entrei nele eu disse: que merda, onde vim parar?! Mas passados 5 minutos, não queria saber de outro... É, ele tem estilo, sabe?, muito mais do que as coisas moderninhas que tinha visto. Ele definitivamente tinha estilo!

Vamos por partes:

O hall de entrada é um corredor que dá acesso a tudo no “apertamento”. Assim que o penetramos ficamos de cara pras portas da cozinha e do banheiro e nas extremidades vemos a sala e o meu quarto (e atrás da porta de entrada um monte de avisos – não faça barulho, apague as luzes, desligue o gás, não corra risco de ver sua casa pegando fogo, etc.). Só pra ressaltar, é um apartamento velho, tipo uma construção que a gente percebe que é antiga, e isso é delicioso (exceto no quarto).

A sala é simples: tem um sofá-cama com mais uma cama reserva em baixo (pras visitas!), uma TV prata, uma mesa onde faço minhas refeições e uma janela por onde o mundo invade a casa - são prédios, flores, roupas secando e o rio ao fundo (dá pra ver o rio por dois ângulos), e se olho pra baixo encontro um precipício (poxa eu to muito longe do chão!).
Ahhhh! Os pisos (exceto o do banheiro) são de madeira (!!!), e em alguns lugares, range... e os vizinhos... escutam...

O banheiro é fofo: tem uma banheira com ducha (essa sim você poderá ver a irmã no TITANIC), um piso de pedra, paredes revestidas de azulejos azuis, uma porta de espelhos, uma pia super “vovó” que acompanha bidet e vaso sanitário e, por fim, uma caixa de descarga muito, mas muito alta.

Por falar em altura, o pé direito é muito alto (3m) e as portas acompanham esse exagero.

A cozinha é (quase) PERFEITA: toda retrô, lembra uma locação de “Mulheres Perfeitas” ou ainda aquelas propagandas de simpáticas donas de casa fazendo comida e mostrando seus preciosos eletrodomésticos... Encontram-se nela um fogão Escorial de 1956, um charmoso aquecedor, uma pequena geladeira, um exótico microondas, uma pia de pedra, uma torradeira (por sinal as pessoas aqui são viciadas em torradas, pão tostadinho, etc. – tem em todo lugar), utensílios de cozinha, prateleiras e um piso revestido com “tacos” de madeira... Ai... Só peca no tamanho – é um corredorzinho. Ah! A porta também é revestida de espelho, o que dá uma sensação de amplitude nesses dois cômodos (cozinha e banheiro) que possuem essa portinha.

E o não menos importante... quarto! Esse que, apesar de aconchegante, é um pouco frio. Sua arquitetura (que acompanha a do todo) me fez lembrar muito o quarto onde foi filmado “O Exorcista”. Eu gosto do bichinho (meu quarto!), mas que lembra, lembra. O forro tem um friso que foi posto a uns 15cm da cobertura, fazendo uma sombrinha (bem interessante, eu diria) quando ligo o abajur. Temos ainda outra informação: os cantos tem uma frescurinha geométrica que deixa o quarto “anguloso”. Em cima de minha cama tem um velho ventilador de madeira que está parado em forma de cruz (eu juro que não foi intencional! Eu liguei o bendito ventilador e quando desliguei ele parou assim – já liguei 3 vezes e o danado sempre para do mesmo jeito), de modo que essa é minha visão ao deitar... O quarto ainda conta com uma cômoda, dois criados-mudos de madeira de lei, uma cama Box Queen Size, um guarda-roupas, um aquecedor, um ar-condicionado, uma cadeira e uma mesinha onde fica o telefone e onde coloco o meu bichinho de estimação (o net).

Essa é uma descrição do meu lar doce lar em Baires.

AH! As janelas e portas são um caso a parte: lindas, cativantes... 


___________
Pra ilustrar esse diminuto descritivo e para que possamos nos situar nas próximas ações que serão compartilhadas em minha casa, coloquei essas fotos e uma pequena planta (made in paint).

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sobre as "diferentes"

 


"...Aí você olha e pensa: bem se eu chego no aeroporto e as torneiras do lugar são assim... pelo menos a gente sabe que é um país amigável!"
Capítulo I – Desvirginando-se de Buenos Aires


Uma semana se passou, as coisas começaram a se ajustar, outras nem tanto. Mas uma coisa é certa: não fiz tudo o que poderia ter feito! (vamos encarar como período de adaptação).
No exato sábado seguinte a minha chegada pus fim a uma coisa que me angustiava muito e criei/postei minha primeira página do meu “querido diário”. Sei que nem a todos interessa ouvir, mas seguindo um conselho de um amigo, isso vai me trazer boas lembranças... 


Sádado, 16 de janeiro de 2010

          Depois de um bom tempo de preparo para esta odisseia (o que incluiu coisas como dirigir e atuar em um “Presépio Vivo” ou fazer várias aulas de dança no Ceará), chego ao dia de viajar com coisas ainda não fechadas, como por exemplo: onde ficaria aqui. Os dias que precederam este foram de uma luta incansável e, mesmo assim, no horário do meu vôo ainda não havia confirmação se eu tinha ou não um lugar pra "passar uma chuva".

          Na conexão (de quatro horas no aeroporto de Guarulhos) gastei uma parte considerável da minha caixinha de viagem com ligações para a Argentina, com internet (é, não tinha rede pública disponível) e outras coisinhas mais. Faltando 15 minutos para o meu embarque, por fim, tudo estava resolvido com meu último telefonema – o resto... Já falei.

         Quando chego ao apartamento, onde deveriam estar me esperando para me entregar as chaves, não tinha ninguém!!! É, o funcionário da empresa se atrasou com a outra mulher que fora atender antes... Esperei por 2h e, após ter xingado até a 457ª geração desse ser por telefone (em castellano, pois aca no se habla español) ele finalmente chegou e, pra rimar, tudo se acertou!!!  Conheci meu apartamento, minha morada em Buenos Aires! ... (capítulo a parte).

         Domingo dei meu primeiro passeio na cidade, lindaaaaaa!!!! E percebi que até os mendigos poderiam ter uma carreira como modelos, mas deixa pra lá... Fui a busca da Fundación Julio Bocca, que de acordo com o Google maps ficava do lado da Plaza de Mayo... pois é, descobri que não fica! E, por sinal, eu passei por ela na ânsia de chegar a tal praça. 

          A praça, a propósito,  é linda, é onde fica a Casa da Barbie (ops!), a Casa Rosada, etc, etc.  Chegando lá, fui procurar a Fundación, e nessa busca falei com alguns turistas, distribuí simpatia, parei um casal gay muito simpático que tinha um mapa, começamos a conversar, depois até me chamaram pra... Enfim, isso não vem ao caso, o fato é que não era lá! Por sorte tinha decorado o endereço dela e, no tal mapa, vi onde ficava. Voltei. E descobri uma das melhores coisas da viagem: ela fica a dois quarteirões do meu apartamento (muito mais perto do que eu imaginava quando o aluguei).

Peculiaridades da cidade deixo pra outra postagem (é que tem muitas coisinhas!!!!).

domingo, 24 de janeiro de 2010

Exórdio

                       É... eu cheguei!!! "Buenos Aires aca estoy"

            Este ser acabado, mas que ainda sorri (de forma muito natural) foi o mesmo que passou por tormentas em série antes de desembarcar nesta cidade. Essa foto foi tirada nos meus primeiros minutos em Baires no banheiro do aeroporto (que situação, eu sei!).

         Cheguei no dia 16 às 19h50min horário local de um dia sem (quase) fim. Há muito o que falar, mas não sou desses! O que importa saber agora é que, ao final desse dia eu tinha onde ficar, um taxi me esperando e um mundo a descobrir... [não, não é Avatar.]

           Um mundo de torneiras com formatos digamos... "diferentes", de pessoas adoráveis (e lindas), de tentar neutralizar o sotaque de um curso miojo e de conhecer uma pequena Europa escondida na América do Sul.

Pois é, "la aventura empieza ahora" (tsc tsc tsc) ¿Vamos?