domingo, 4 de julho de 2010

palavras, palavras, palavras...


Deveria ter postado ontem, dia 3. Um mês. Precisava, talvez, não celebrar este dia. Deixei para o que se encerra.

Hoje foi minha última apresentação da Mostra do Mód V de interpretação (meninos, obrigado pela sincera acolhida e pelo colo nas necessidades – é mútuo). Nem acredito que realizei a “mostra”. Todos sabem que não era o processo que mais estava gostando de fazer. Cair do cavalo ao voltar de um mundo ilusório onde fiz e refiz o que me acalentava (para trazer um pouco dessa minha crença na arte do comércio), me fez melhor do que uma conquista sem um resultado. (É já fiz a Ópera do Malandro com Marques...) tsc, tsc.

Mesmo assim, segui com ela (a mostra). A bem da verdade não tinha muita opção. Outros pequenos prazeres me inflavam a chama do fazer. Um novo semestre que traria consigo a redenção... Isso também não foi lá muito resolvido... Mas ainda pode ser... Quem sabe... hehehe

Sabe uma coisa que me encanta? Ópera! A divisão dos papéis e suas brilhantes execuções, mundos criados e tortuosamente vividos em prol de um ideal romântico. As sopranos e os tenores sempre os principais... As contraltos e seus ensaios intermináveis. Os Baixos.

Encanta-me o poder que se pode ter um baixo. Não estamos só falando de papéis de pai, de tio, de vilão não. Nada como saber usar a baixeza... São mordazes, irônicos, trazem com seu timbre, verdades veladas e mudança de ares. Assustam e encantam quase na mesma proporção. Aos que se deixam levar pelas vicissitudes do tom, o meu aplauso.

Queria ser baixo, queria ser tenor. Infelizmente não o sou. Barítono, abarco o equilíbrio – nem um cordeiro nem um lobo. Por vezes posso vestir as duas peles. E posso com isso fazer meus próprios feitiços... Há quem os compre. Posso do extremo ao outro chegar, mas não seria dual se não tivesse em mim a busca pelo perfeito equilíbrio, com notas amadeiradas, florais e de um bom vinho argentino.

Cuidado quem se embebedar com facilidade... Prefira, nesse caso, as certezas do abaixo de mim. Do ser Baixo que me perscruta, onde poderás achar um invólucro sincero, honesto e quente. Não recomendo as alturas dos tenores tons, pois, embriagado podes derrapar...

Arte me fascina. Vida me fascina. Segurança me preenche. Tão efêmero... Eu tantas vezes incrédulo sempre caio na mesma pedrinha no meu caminho. Aquilo que dizes pra mim, eu tomo como verdade. Levo a vida muito a sério... Isso é o grande defeito que tenho e que tanto me apontam.

Quero poder dizer mais amores por amores, assim como quem compra margarina. Quero não me desnudar e me expor a uma palavra que sei não durará mais que um instante. O futuro, com tijolos ou brisas suaves, não será determinado pelo outro, apenas acompanhado – por uma chuva, até que no sol possamos estar. Expostos. Livres. Queimados.

Eu brinco, eu finjo, eu atuo. O eu ator agradece a este semestre. Às pessoas que me acolheram. Às pessoas que eu fiz e que hoje andam com a ajuda de outros. Às sinceras conversas de onde não posso dizer que ainda esperava... Agradeço ao que, por tão infalível, não se aguentou.

Eu admiro a verdade. Sou assim, não gosto de criança e nunca neguei...

Sempre o preparo para a despedida e nunca sou preparado para a queda... Mas me levanto, pois, o que não presta, não quebra com facilidade. hauahauahauahauha

Um brinde à hipocrisia.

Salvador, você me deixará saudades. Suas delicadezas comigo, me fizeram ser o que sei ser. Aquele que fica pronto, sempre, e tenta não se deixar levar pelo que inevitavelmente me entrego.

Obrigado a quem já sabe que merece!

Obrigado pelo que fizemos, faremos e desconstruiremos.

Tempo, ok, você venceu esta. Ou melhor, empatamos. TERMINEI O SEMESTREEEEEE!!!!!!!

Até o nosso próximo encontro...


Um cordial abraço,

Raphael Veloso

2 comentários:

  1. Mudo. Sem tom. Tessitura nula. E turvo. Guardei o ego no bolso e cultivei mais orelhas: três agora, pareando com os olhos. Três. Mudos. Tento não atirar lambendo as feridas. E viro verde, broto, ovo. E molho debaixo da pele por esse sentimento esofágico, constrictivo. Já que estou calado. Jejum vocal. Beethoven ficou surdo - mas deus lhe falava. Podia reconhecer o choro de um arco sobre a corda tensionada. Fosse a oitava que fosse.

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  2. "Um brinde a hipocrisia"!! Show de bola cabeca!! Curti muito!! Esse ja nao foi tao complicado de entender!! E que mente hein?? Parabens!!

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